domingo, 3 de fevereiro de 2008

Carnaval da Natureza - Por Lu Dias

CARNÁ EM BEAGÁ


Ela está sôfrega, em alfa, embriagada,
de frente pra sua Serra do Curral,
perdida no cenário da Natureza,
co`a alma visivelmente perturbada.

O céu com suas nuvens aturdidas,
já dá o tom do samba-enredo,
sopra uma brisa marota e gostosa,
mensageira da deificação da Vida.

Ao fundo, os trios elétricos/trovões
vão dando sinal de aproximação,
o desfile da Natureza está a postos,
é a Terra cantando seu refrão.

Vislumbra-se a posição da escola,
pelo relampejar de seus destaques,
carros iluminados por filetes de néon,
e nas árvores alegorias cabriolam.

Como um mar sem procela,
a cidade jaz em calmaria,
incapaz de conhecer a fantasia,
desta festa que é somente dela.

A noite vai abrindo o seu telão:
lápis lazúli, ônix e ébano,
luzes salpicando as montanhas,
criando nos contornos alucinação.

Os carros alegóricos sem escalas,
descem enérgicos e céleres pelo espaço,
iluminados por seus archotes, enquanto
os estampidos anunciam o abre-alas.

Majestosa, a bateria repica com alarde,
este momento assustadoramente lindo,
a chuva de serpentina vai caindo como gotas,
sobre a Serra do Curral, em direção à cidade.

Luxuriantes e flexíveis, é bom que se diga,
as árvores contorcem os dorsos verdes,
freneticamente, em ritmo de samba,
e cai a chuva – a mais desejada das raparigas.

Perdida no seu encantamento e “uais”,
teme ela que não volte a ver tal cena,
é preciso não perder o movimento
de até mesmo uma folha que cai.

A mãe natureza assume a passarela
mais relâmpagos... mais trovões...
mais...e mais... e muito mais,
hip...hip...hip...urra!
agora só há Ela e ela,
nada... mais!

Autora: lu dias

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