domingo, 25 de maio de 2008

Um Sonho Num Sonho

Este beijo em tua fronte deponho!
Vou partir. E bem pode, quem parte,
francamente aqui vir confessar-te
que bastante razão tinhas, quando
comparaste meus dias a um sonho.
Se a esperança se vai, esvoaçando,
que me importa se é noite ou se é dia...
ente real ou visão fugidia?
De maneira qualquer fugiria.
O que vejo, o que sou e suponho,
não é mais do que um sonho num sonho.

Fico em meio ao clamor, que se alteia
de uma praia, que a vaga tortura.
Minha mão grãos de areia segura
com força, que é de ouro essa areia.
São tão poucos! Mas, fogem-me, pelos
dedos, para a profunda água escura.
Os meus olhos se inundam de pranto.
Oh! meu Deus! E não posso retê-los,
se os aperto na mão, tanto e tanto?
Ah! meu Deus! E não posso salvar
um ao menos, da fúria do mar?
O que vejo, o que sou e suponho
será apenas um sonho num sonho?

Edgar Allan Poe

2 Falaram e eu escutei:

Anônimo disse...

Carlos,
este é um dos poemas mais bonitos do Allan Poe, embora um pouco triste.
O seu gosto foi esmerado na escolha.
"De qualquer maneira fugiria"...
E a vida nada mais é que um sonho dentro de outro sonho, só nos restando sonhar e sonhar.
Vejo que lhe sobrou tempo para colocar seu blog em dia.

Abraços,
Yasmin

Carlos disse...

Yasmin,

Conforme prometido. Pelo menos no fim de semana. :-)