Eu faço poemas,
como quem tece redes,
enchendo as mãos de calos,
para ajuntar os peixes,
que busca no prodigioso mar.
Há tempos em que há
boa safra e o cândido bando,
salta veloz na sancadilha,
à vista de uma borrasca,
já pressentida no ar.
A busca é sempre nula,
em tantas outras pescarias,
quando o cardume vai pra longe,
expulso pelo mar em calmaria,
sem querer jamais voltar.
Também na época de inércia
é sem sentido qualquer teimosia,
na pesca de ineficazes palavras,
que emurchecem minha poesia,
que não tem com que lutar.
Se a mente está vazia,
indolente, calma, sem cinismo,
todas as palavras desejadas
escondem-se nos meus abismos,
que teimo inutilmente resgatar.
É preciso admirar
um pescador de palavras,
como se admira
um pescador de peixes,
cada qual em seu incoerente mar.
Não os julgue tão depressa,
em suas cruas e frágeis certezas,
que nem mesmo eles sabem
em que porto encontrá-las,
ou quantos dias hão de durar.
Ame- os,
quando tocam a sua alma,
em desvairada emoção.
Odeie-os.
se lhe destroçam o âmago,
sangrando-lhe o coração.
Ignore-os,
se a você pouco falam,
acordando somente a razão.
Pescador e poeta
são seres estranhos,
pois possuem na vida,
uma doce e amarga função:
são pescadores de SONHOS.
Autora: lu dias
1 Falaram e eu escutei:
Lu Dias,
eu também faço poemas,
como quem tece acasos...
Abraços, flores, estrelas!
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