Preciso confessar minha fraqueza,
antes que a verdade se apresente,
espero encontrar nos amigos,
tolerância, sensibilidade e que
não se tornem a mim indiferentes.
É inútil tentar conter esta torrente,
ensandecida, arrogante e sem princípios,
escorrendo frenética pelas rubras veias,
desse corpo submisso e impotente
à devastação e ferocidade deste vício.
Drogada pela toxina dessa verve,
que usa meus dedos como criados,
extenuados, dobram ao comando,
desse traficante que os abastece,
e ao longo dos anos os tem moldado.
Este cérebro é um cavalo renitente,
sôfrego, audaz, cruento e indomado,
galopando sem nunca se deter,
diante do longo caminho percorrido,
sem se sentir em paz ou acomodado.
Perdoem-me os sisudos e ponderados,
gosto da vertigem desta loucura,
que a outros têm amedrontado,
por lhes desnudar os pensamentos,
que jazem em mim escancarados.
Esta neurose vai entrando em ebulição,
sob a reação das diferentes toxinas,
enquanto me sucumbo vorazmente,
e me curvo como uma vassala,
aos “prazerosos” ditames desta sina.
É muito mais que uma compulsão,
que não me deixa espaço para a fuga,
se dela quisesse eu fugir, é verdade...
ora me leva ao ápice da insensatez,
ora me transforma numa triste figura.
Por muito tempo resisti a esta agitação,
sem jamais lhe dar um corpo concreto,
ruminei, ponderei, neguei, desisti, enganei,
mas permaneceu firme ali, diante de mim,
como um projeto informe, nebuloso e incerto.
Resta-me confessar a minha fraqueza,
aos que os meus ‘ais” têm acompanhado:
preciso viver por aí parindo palavras,
mesmo que neste parto eu continue
gemendo pela vida feito um drogado.
As palavras são os velhos e novos frutos
de tudo que plantei e arduamente colhi,
sementes de tantos abalos, botes e rebotes,
exaltações, cansaços, saltos e sobressaltos,
detonações dos pedaços expelidos de mim.
Se jamais domei estas filhas rebeldes,
rebentos de minhas constantes overdoses,
como exigir que esta mãe débil e intoxicada,
seja capaz de se manter constantemente sóbria,
no seu desvairado mundo de idéias em necrose.
Autora: lu dias
domingo, 10 de fevereiro de 2008
DROGA, NÃO HÁ COMO FUGIR! - Por Lu Dias
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2 Falaram e eu escutei:
Amigucho,
muito me honra ter um poema meu postado em seu blog.
Você que é sempre essa pessoa maravilhosamente humana.
Tê-lo como amigo, foi um dos grandes presentes que tive em 2007.
Que o divino fortaleça essa nossa amizade.
Um beijo no coração.
lu dias
Que o divino...
Que assim seja, Lu
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