quarta-feira, 12 de março de 2008

PESCANDO PEIXES E PALAVRAS

Eu faço poemas,

como quem tece redes,

enchendo as mãos de calos,

para ajuntar os peixes,

que busca no prodigioso mar.

Há tempos em que há

boa safra e o cândido bando,

salta veloz na sancadilha,

à vista de uma borrasca,

já pressentida no ar.


A busca é sempre nula,

em tantas outras pescarias,

quando o cardume vai pra longe,

expulso pelo mar em calmaria,

sem querer jamais voltar.


Também na época de inércia

é sem sentido qualquer teimosia,

na pesca de ineficazes palavras,

que emurchecem minha poesia,

que não tem com que lutar.


Se a mente está vazia,

indolente, calma, sem cinismo,

todas as palavras desejadas

escondem-se nos meus abismos,

que teimo inutilmente resgatar.


É preciso admirar

um pescador de palavras,

como se admira

um pescador de peixes,

cada qual em seu incoerente mar.


Não os julgue tão depressa,

em suas cruas e frágeis certezas,

que nem mesmo eles sabem

em que porto encontrá-las,

ou quantos dias hão de durar.


Ame- os,

quando tocam a sua alma,

em desvairada emoção.


Odeie-os.

se lhe destroçam o âmago,

sangrando-lhe o coração.


Ignore-os,

se a você pouco falam,

acordando somente a razão.


Pescador e poeta

são seres estranhos,

pois possuem na vida,

uma doce e amarga função:

são pescadores de SONHOS.

Autora: lu dias

1 Falaram e eu escutei:

Anônimo disse...

Lu Dias,




eu também faço poemas,

como quem tece acasos...


Abraços, flores, estrelas!